O famoso NHS(National Health System), que representa o sistema de saúde do Reino Unido, anunciou este ano pesados investimentos na chamada eHealth, ou saúde digital. A ideia é ampliar de forma categórica e sustentável a rede de telessaúde já existente no país, melhorando o acesso e a experiência dos usuários. Eles calculam que com esses investimentos, nos próximos 5 anos, mais de 500.000 vidas sejam salvas pelas intervenções médicas e teleorientações dos profissionais de saúde, aumentando exponencialmente a capilaridade da atenção básica e da oferta de especialistas. Tomando este exemplo para a nossa realidade brasileira, muitos irão falar que isto está fora do nosso escopo de projeto de atenção básica, e que outras coisas precisam ser realizadas antes. Contudo, desde 2007 o Brasil possui uma política pública de incentivo a telessaúde na atenção básica, que apesar de fraca, está na lei. Porque não reativamos essa discussão no âmbito legislativo e político em geral? Precisamos aproveitar o que a telessaúde pode nos trazer de benefício, e regulamentá-la para que ela possa ser segura para profissionais de saúde e pacientes. #regulamentaçãojá

Apesar de termos hoje uma sociedade super “conectada”, a utilização de serviços médicos através da telessaúde ainda é uma realidade de uma pequena parcela da população, apesar do crescimento significativo da telemedicina ocorrido nos últimos 5 anos.
É comum observamos no dia a dia as pessoas utilizando seus smartphones, tablets, e notebooks, acessando as redes sociais ou interagindo amplamente no mundo digital. Contudo, apesar de termos hoje uma sociedade super “conectada”, a utilização de serviços médicos através da telessaúde ainda é uma realidade de uma pequena parcela da população, apesar do crescimento significativo da telemedicina ocorrido nos últimos 5 anos.
O investimento realizado em tecnologia não parece ter sido acompanhado por investimentos na orientação, divulgação e educação dos usuários. Apesar de 77% de pacientes agudos e crônicos terem a vontade de experimentar os serviços de telessaúde, pouco menos da metade o fazem, devido a desconhecimento dos procedimentos, da qualidade e da segurança envolvida nos atendimentos. Portanto, para que haja engajamento dos usuários, na utilização de sistemas de telessaúde, é necessário haver integração de diversas áreas atuando com foco nos pacientes: Marketing, Área administrativa, e Área Assistencial.
Somente levando em consideração todos os pontos de contato dos pacientes com o sistema de telessaúde, poderemos realmente perceber a experiência que ele vive ao marcar uma consulta, ou até mesmo ser atendido no pronto socorro. Uma das coisas mais importantes no contexto da experiência do paciente na telessaúde é a confiança que ele deposita no médico, e na equipe multidisciplinar relacionada ao cuidado. Interessante que na maioria dos estudos realizados, a tecnologia sempre fica em segundo plano no que diz respeito as preocupações do paciente. As perguntas mais comuns são: “será que o médico irá me entender?” “será que ele conseguirá me ouvir e me examinar?” “será que irei gostar do médico? Será ele experiente?”. Logo, a interação humana é aquela que tem mais representatividade, mesmo utilizando a telessaúde como forma de avaliação.
Os profissionais de saúde e médicos podem auxiliar no engajamento dos pacientes no uso das novas tecnologias dando apoio e garantindo a segurança do acompanhamento através das tecnologias de comunicação, evitando deslocamentos desnecessários, cansativos e perigosos para algumas patologias. Precisamos entender os sistemas de telessaúde de forma crítica, para percebermos que apesar de não resolver todos os problemas existentes, eles ajudam de forma significativa em diversas situações. Neste sentido, para que essas situações sejam cada vez mais bem aproveitadas, é necessário um trabalho conjunto com todos os profissionais de saúde, para educação sobre telemedicina ainda nas faculdades, no intuito de prover melhor grau de informação para seus futuros pacientes, criando um sistema de saúde digital, conectado com as pessoas, e voltado para o benefício da saúde em geral.
Referências
The Beryl Institute 2016
J Postgrad Med, 2005;51:294-300

Pronto Socorro de Bataguassu é o primeiro do Estado a implantar Sistema Integrado de Atendimento em Telemedicina
Objetivo é auxiliar precisão no diagnóstico médico e reduzir remoções desnecessárias de pacientes para outros municípios
O município de Bataguassu já é considerado referência no que diz respeito aos atendimentos de saúde oferecidos de forma gratuita à população. De olho nas novas tecnologias, a atual administração municipal está implantando de forma experimental o Sistema Integrado de Atendimento em Telemedicina (SIATE), ferramenta online que visa auxiliar o trabalho dos médicos plantonistas que atendem no Pronto Socorro Municipal.
Segundo o responsável pelo sistema, Dr. Bruno Miniello, que é médico neurologista e neurointervencionista, a ferramenta oferece a prestação de serviços de médicos especialistas em todas as áreas (neurologistas, cardiologistas, clínico geral, cirurgiões entre outros), profissionais estes de renome no País e que atuam em instituições como Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCUSP), Hospital do Servidor Público Estadual e Escola Paulista de Medicina.
Os profissionais, de acordo com Miniello, ficam à disposição 24 horas por dia, sete dias da semana por meio de teleconferência com os médicos plantonistas do município.
Com o apoio online, os profissionais terão interação a distância em casos clínicos mais graves, podendo obter orientações e sugestões em procedimentos médicos, garantindo mais eficácia ao atendimento, precisão de diagnósticos e evitando possíveis deslocamentos desnecessários de pacientes.

Durante a apresentação do sistema, que contou com a presença do prefeito de Bataguassu, Pedro Arlei Caravina (PSDB); da secretária municipal de Saúde, Maria Angélica Benetasso e dos médicos Éder Nascimento de Moraes, Lauder Alves e João F. Catina, Caravina disse que a intenção da administração municipal em utilizar o sistema é a de obter precisão no diagnóstico médico em casos de pacientes com maior gravidade e reduzir remoções desnecessárias de pacientes.
“Temos tido registros de acidentes em rodovias envolvendo ambulâncias durante as remoções de pacientes. A intenção é reduzir esses tipos de transferências, colocando a disposição dos médicos plantonistas uma gama de profissionais especializados de todo País, que conectados via internet poderão auxiliar os médicos locais em um diagnóstico mais rápido e preciso”, comentou o gestor.
Caravina lembra que os médicos terão acesso instantâneo aos especialistas, podendo trocar impressões de forma online sobre exames e demais procedimentos utilizados para a resolução de casos clínicos.
O prefeito frisa que além de evitar o transporte desnecessário de pacientes, garantindo, desta forma, a segurança de pacientes e profissionais, o município terá redução de custos e preveem uma resolutividade mais expressiva de casos. “Temos registros de paciente que é removido, chega ao outro município e é reencaminhado para Bataguassu. Queremos evitar esse tipo de transtorno”, cita.
Para o diretor clínico da Santa Casa, Éder Nascimento de Moraes, o sistema de telemedicina vem para colaborar e aperfeiçoar os profissionais em casos mais graves. “Será um apoio importante para nós médicos”, disse ele.
Já a secretária municipal de Saúde, Maria Angélica Benetasso lembra que o sistema será utilizado por 60 dias em caráter experimental e que se satisfatório o sistema será contratado para auxiliar os atendimentos.
Maria Angélica lembra que durante o período experimental, será feita uma análise de qual especialidade possui maior frequência de atendimentos e que diante dessa necessidade será feita a contratação de tal especialista.