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Teremos profissionais e expertise suficiente para acompanhar esse ritmo de crescimento do setor?
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Como a tecnologia pode ser usada para ajudar no avanço do setor?
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Como é possível reduzir custos e melhorar a eficiência?


TELEMEDICINA E SAÚDE MENTAL
O uso da tecnologia digital através da telemedicina tem alcançado cada vez mais o âmbito da saúde mental em diversos países. Vários pesquisadores da área têm demonstrado os pontos fortes e os pontos frágeis desse tipo de interação, levando a uma intensa discussão entre psiquiatras e psicólogos e conselhos de classe.
Ainda existem poucos trabalhos com poder estatístico confiável que abordem o tema das vantagens e desvantagens de um sistema de telepsicoterapia, tanto para pacientes como para os terapeutas. Tudo irá depender do tipo de patologia que está sendo tratada, da aceitação do médico e do paciente, e da facilidade de acesso e utilização das tecnologias vigentes.
POTENCIAIS BENEFÍCIOS
Redução da ansiedade do paciente e equilíbrio da dinâmica de poder
Segundo alguns estudos, o lugar onde a terapia ocorre pode impactar nos desfechos clínicos. O estresse envolvido nas visitas ao psicoterapeuta pode aumentar a distância e diminuir a empatia entre profissional e paciente. Um ambiente mais familiar, como a casa do paciente, ou seu próprio trabalho pode levar a um sentimento de maior segurança consequentemente deixando o indivíduo mais propenso a ser honesto com o profissional.
O espaço virtual no qual a consulta ocorre pode auxiliar no aumento do compartilhamento das intimidades, com elevação da sensação de conforto por ser honesto. É mais fácil responder a perguntas sobre assuntos estigmatizantes como abuso sexual, ou uso de drogas. Além disso na telepsicoterapia o paciente experimenta um maior senso de controle da sessão. O paciente pode simplesmente desligar os aparelhos e terminar a sessão, ou simplesmente sair da videoconferência. É mais fácil fazer isso, do que se levantar e sair da sala do terapeuta.
Alguns pacientes podem se beneficiar da dinâmica da telepsicoterapia ou de um modelo híbrido
Pacientes em surtos psicóticos se sentem muito inseguros devido a sua doença. Um estudo publicado por Sharp et. al. revelou que a avaliação por videoconferência nessa população foi bem tolerada, diminuindo a ansiedade e o grau de desconfiança.
Pacientes muito ansiosos podem se beneficiar bastante com o uso da plataforma de videoconferências, especialmente aqueles com agorafobia (medo de lugares abertos). Os pacientes que deixam de ir as consultas por questões relacionadas a suas próprias patologias, podem receber a terapia em seu domicilio, da forma mais segura para eles.
Pacientes traumatizados com abuso sexual ou outros tipos de violência podem se sentir altamente inibidos na presença intimidadora do terapeuta no seu consultório. Uma conversa online pode ajudar a construir uma confiança e segurança inicial, como preparo para uma consulta presencial por exemplo.
PONTOS A SEREM DISCUTIDOS SOBRE A TELEPSICOTERAPIA
A maioria dos trabalhos publicados sobre a telepsicoterapia tem como principal preocupação problemas como o acesso aos serviços de tecnologia e internet, confidencialidade e privacidade, implicações legais e outras questões éticas.
Em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, uma boa parte da população ainda não possui acesso ilimitado a internet, ou a tecnologias de alta qualidade em videoconferência, dificultando a interação por esses meios.
Na telemedicina é preciso estar atento as questões relacionadas a segurança das informações. Portanto, plataformas com adequação as normas de seguranças HIPAA são necessárias para manter sigilosos os dados referentes aos pacientes. Interações via Skype, Facetime e Whatsapp não são recomendadas pela fácil quebra de segurança dessas redes.
PERSPECTIVAS PARA O FUTURO
A utilização da telemedicina para o manejo da saúde mental já é uma realidade. Os conselho federal de psicologia já aprova o método. Contudo, para o desenvolvimento adequado desse segmento é necessária a normatização completa relacionada a pagamento, reembolso pelos convênios, questões litigiosas ou até mesmo as plataformas de telemedicina que podem ser utilizadas para tal fim e quais os critérios de escolha da tecnologia ideal. Além disso, o treinamento dos psicólogos já na faculdade para a telepsicologia pode mudar a forma como esses profissionais chegam ao mercado, bem mais preparados para o uso da tecnologia a favor da saúde.
Ficam algumas perguntas importantes no ar: Se o conselho de psicologia aceita a telepsicologia como forma de interação médico paciente válida, o que dirá o CFM (Conselho Federal de Medicina) sobre o mesmo assunto envolvendo os psiquiatras?
E vocês, o que acham disso tudo?
Deixem seus comentários e opiniões para uma discussão saudável sobre o tema.
Até breve!

Monitoramento remoto com uso de tecnologia digital: uma tendência de cuidados para os pacientes crônicos?
O monitoramento remoto utiliza tecnologias digitais para coletar dados relacionados a saúde de indivíduos em uma determinada localização (como a casa do paciente por exemplo) e transmiti-los eletronicamente para os profissionais de saúde que irão analisar e fornecer as recomendações necessárias.
Essa assistência é utilizada principalmente em cenários onde o paciente se encontra com mobilidade reduzida, sem conseguir se deslocar para grandes centros, ou em clínicas de reabilitação, homecare e/ou retaguarda. Nesses locais na maioria das vezes não há médicos especialistas prontamente disponíveis, e no caso por exemplo do home care, os dados muitas vezes são fragmentados e perdidos em meio a tantos papéis preenchidos diariamente.
Para facilitar o acesso a essas informações são usados dispositivos móveis ligados aos pacientes para verificação de sinais vitais, padrões de movimentação, alertas de queda, etc. Existem diversos dispositivos que podem ser utilizados de forma não invasiva e que ajudam no diagnóstico de certas condições clínicas a distância. Por exemplo, os estetoscópios digitais têm hoje a capacidade de transmitir em tempo real todas as nuances dos batimentos cardíacos para o médico que se encontra remoto. Além disso, câmeras multifuncionais, permitem a avaliação com alta nitidez de estruturas como a pele, fundo do olho, orofaringe e pupilas. Geralmente essas câmeras podem ser integradas a plataforma de avaliação mantendo sempre a segurança dos dados coletados. A realização de exames como holter continuo, eletroencefalograma continuo, e a monitorização continua dos sinais vitais como pressão arterial, saturação de oxigênio, batimentos cardíacos e até mesmo a glicemia podem ser realizados, com rapidez e segurança, com integração dos dados clínicos dos pacientes.
O principal benefício desse sistema consiste em detectar em tempo real alterações críticas de sinais vitais, e de outros padrões de importância clínica como por exemplo a movimentação, o padrão do sono, e sensores de queda/impacto, levando a uma resposta mais rápida para o socorro do indivíduo além de prover informações sobre alterações dos sinais vitais relacionadas as atividades no dia a dia do paciente. Isso não significa que as visitas presenciais serão abolidas, mas, muito pelo contrário, elas serão mais eficientes quando se possui o histórico do paciente nas mãos do médico ou do enfermeiro, levando a um cuidado mais personalizado, e com melhor utilização do tempo.
Todavia, nem tudo são flores. Com a atual tecnologia, ainda estamos muito vulneráveis aos ataques cibernéticos, e o armazenamento das informações médicas confidenciais podem ser violados por hackers com interesses escusos. Para evitar isso, é necessário o cuidado com a plataforma utilizada, com validações nacionais e internacionais para o uso na área médica. Além disso, apesar da tecnologia digital móvel , e da evolução dos aparelhos e dispositivos de monitorização, não há em parte da população de pacientes e médicos o interesse ou até mesmo a facilidade em se adaptar aos novos processos de interação disponíveis. A dificuldade em lidar com a tecnologia móvel, observada ainda na maioria dos idosos, torna mais difícil a comunicação com o profissional de saúde remoto, mesmo com treinamento prévio.
No Brasil, há total legalidade para a utilização do monitoramento remoto de pacientes, contanto que não deixe de haver assistência presencial preconizada, com a presença de um médico ou enfermeiro assistente no local. Ou seja, esse tipo de assistência, não visa no nosso meio substituir as visitas presenciais e sim adicionar ao escopo de cuidado uma tecnologia digital não invasiva, com o intuito de agilizar e tornar mais preciso o diagnóstico e tratamento dos pacientes. Ainda não temos uma cultura organizacional voltada para a implementação dessas tecnologias nos hospitais de retaguarda. Porém alguns gestores já perceberam a importância desse tipo de tecnologia no cuidado com a saúde, e estão começando a implementá-los ainda timidamente, como projetos piloto voltados para determinadas operadoras de saúde.
Temos um longo caminho a percorrer para que a tecnologia digital se integre ao cuidado do paciente crônico. Todavia, a necessidade de mudança por conta de fatores econômicos e culturais levará a uma “virada de chave” fazendo com que clínicas e serviços de home care ligados as operadoras utilizem a tecnologia a favor da saúde, com segurança, ética, e custo efetividade.

Tecnologia Mobile na frente de batalha contra o câncer de colo do útero: uma realidade distante?
O Câncer de colo de útero é o segundo tipo de câncer mais comum em mulheres e tem um pico incidência entre entre 40 e 60 anos, estando relacionado de forma marcante ao nível socioeconômico, atingindo principalmente aqueles que possuem maior vulnerabilidade social. Atualmente, o Câncer de colo uterino perfaz 15% de todos os tipos de câncer ginecológicos, e apesar da prevenção ser totalmente possível, inclusive através da vacinação de meninas e meninos no início da puberdade, ainda é responsável por um grande número de morte de mulheres todo ano.
Existem diversas barreiras para o tratamento e prevenção do Câncer de colo de útero, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Dentre elas as dificuldades de acesso a saúde, a exames diagnósticos preventivos adequados e a especialistas, são primordiais nos desfechos clínicos desfavoráveis.
Alguns estudos tem demonstrado que o uso da tecnologia mobile como smartphones, e tablets para anotação de dados referentes as consultas preventivas, pode ajudar no acompanhamento dessas pacientes, disponibilizando de forma segura os dados clínicos a qualquer hora, em qualquer lugar. Basta apenas uma conexão de qualidade boa a ótima. Um trabalho publicado no início de abril deste ano na revista Telemedicine and E Health revela que um aplicativo simples criado para coleta de dados clínicos e fotos dos exames preventivos, teve ótimas repercussões nos desfechos clínicos das pacientes, e na qualidade de informação transmitida aos médicos.
Levando-se em consideração o avanço tecnológico percebido nos meios de telecomunicação, as videoconferências tem facilitado a avaliação de especialistas nesse tipo de câncer para as pacientes que vivem em locais distantes, ou que se encontra em situação de vulnerabilidade social, seja nas ruas, presídios, ou até mesmo em campos de refugiados.
Devido a todos os fatores benéficos que a tecnologia pode trazer pára melhorar a vida das pessoas, principalmente daqueles que mais precisam, fica a seguinte pergunta: Será mesmo que a tecnologia virá a ser usada para poucos individuos com dinheiro? Será que a democratização tecnológica não é suficiente para distribuir de forma equilibrada os cuidados basicos com a saúde populacional? Talvez em alguns países esse raciocínio de utilização social da tecnologia em saúde ainda não esteja completamente formado, o que dificulta a aplicação de medidas práticas, simples e baratas para aliviar as dores e os medos daqueles que sofrem de doenças sem ninguém para escutar, ou cuidar. Sigamos com esperança de que isso ocorra, e que possamos contribuir para esse futuro.

A prestação de serviços de saúde especializados em diversas áreas tem sido um grande desafio para os gestores em geral, tanto pela escassez de profissionais como pela dificuldade em alocar especialistas em determinadas regiões mais afastadas do grandes centros urbanos . Evidentemente, esse problema não possui solução simples, sendo ocasionado por diversos fatores como falta de incentivo financeiro, ausência de um programa de carreira bem orientado, e o medo de se desatualizar estando afastado do “centro cultural” da saúde.
A telemedicina desde que foi criada, tem o papel de quebrar barreiras físicas e unir quem está distante no intuito de melhorar os cuidados da saúde em tempo hábil e de forma custo-efetiva. Com a evolução tecnológica, cada vez mais ela vem sendo utilizada para o cuidado de doenças crônicas e por vezes incapacitantes, que impedem o paciente de se deslocar com facilidade até os ambientes de consulta. Vários tipos de doenças crônicas tem sido tratadas pela telemedicina, desde transtornos mentais, até patologias neurodegenerativas.
Por exemplo, pacientes portadores de diabetes e dependentes de insulina, e que as vezes utilizam dispositivos que somente endocrinologistas conseguem manusear com facilidade (bombas de infusão, medidores contínuos de glicose, etc.), estão sendo acompanhados através de teleconsultas diretas, realizadas no domicílio ou em clínicas próximas ao paciente. Outra utilização em casos de doenças crônicas se dá nos presídios, onde nos Estados Unidos e Canadá, já existem programas de telessaúde para presos, inclusive com disponibilização de várias especialidades médicas.
Na neurologia, onde a telemedicina tem se desenvolvido a passos largos, existe a possibilidade de acompanhamento de diversas doenças crônicas, ou neurodegenerativas, desde cefaléia até Doença de Parkinson. Os últimos estudos demonstram que não há diferença nos desfechos clínicos quando as teleconsultas são comparadas as consultas presenciais nesses casos. Contudo, pergunta-se com frequência se esse tipo de atendimento poderia comprometer a qualidade da relação médico paciente, e se os pacientes se sentiriam mal vistos. O que se encontra na verdade é uma ótima aceitação por parte daqueles que necessitam de cuidados e não podem tê-los por falta de condições de transporte ou por falta de profissionais.
São muitas as dificuldades a serem vencidas pela telemedicina tanto no Brasil como no mundo. Existem diversas frentes de batalha e delas a barreira cultura e socio econômica são uma das mais difíceis de serem resolvidas. Ainda existem muitas regiões onde não há internet, e existem núcleos populacionais mais isolados que também não sabem utilizar a tecnologia móvel com videoconferência. Existem aqueles que não sabem ao menos ler o nome. Portanto, vencer as principais barreiras sociais e culturais ainda é um desafio, que passa de fato por mudanças estruturais governamentais.
Espera-se que com o tempo e com a maior disponibilidade tecnológica, a telemedicina possa ser usada de forma mais natural pela população e pelos médicos. Isso ajudará na melhor distribuição de cuidados com a saúde no vasto território nacional. Todavia, esse crescimento precisa ser ordenado e regulamentado, para que não haja distorções no futuro. Precisamos de treinamento dos médicos nesse tipo de atendimento, e de formas de remuneração adequadas que possam fomentar o crescimento nessa área.
Por fim, espera-se que com o envelhecimento progressivo da população, e com o aumento importante das doenças crônicas, haja uma melhor equidade e melhor distribuição de médicos e outros profissionais de saúde, incluindo a utilização da telemedicina como forma de facilitar a interação com os pacientes, e de quebrar barreiras físicas e culturais.